segunda-feira, 31 de julho de 2017

Quem nao tem colirio...usa oculos escuro...

Segue em frente, jovem! Teu instinto está certo. Vê, porém, onde está a Democracia. Vai e vê com teus próprios olhos. Descobre onde o trabalhador é ou não oprimido. Verifica onde eles podem ou não debater com os patrões, onde os sindicatos protegem ou não seus interesses, onde o operário é ou não submisso, como um boi levado ao matadouro, e se o trabalhador pode ou não levantar altivamente a cabeça para reivindicar.
        
Porém, se a tua idéia é mais produção e menos dignidade humana, se estás pronto para te conformares, se te satisfazes em seguir para onde teus líderes te conduzem, se pretendes abdicar de teus direitos alienáveis de pensar e discordar, vai onde a agonia da privação pesa fortemente sobre homens e mulheres, que derramam lágrimas por seus filhos. Vai ver as aldeias Potenkim, onde a nomenklatura te iludirá com algumas realizações passageiras. Se és favorável a privilégios, vai onde a liberdade e o futuro são apenas para alguns, onde os trabalhadores não têm direitos e o povão não tem voz. 

Integra-te a uma Brigada de Serviços Voluntários e vai a Cuba estudar, colher cana e ser conscientizado na falida doutrina marxista-leninista!

domingo, 25 de junho de 2017

Conhecendo o inimigo...

A condenação do condenado
25/06/2017 02h55

A liberdade de expressão é um dos valores supremos da democracia e uma das bases da prática jornalística. O pluralismo de ideias, posições e opiniões está na essência do bom jornalismo. Limitações à liberdade de expressão e ao pluralismo prejudicariam de imediato os leitores, certo? Nem sempre e nem todos pensam assim.

Criada há mais de 40 anos, a seção de artigos Tendências/Debates, publicada na página 3, é uma das vitrines do projeto editorial da Folha. É objeto de comentários e críticas frequentes dos leitores.

Tem como base um dos 12 princípios editoriais da Folha, recém-divulgado, que prega cultivar a pluralidade e registrar com visibilidade pontos de vista diversos em questão controvertida ou inconclusa.

No início deste mês de junho, a Folha publicou o artigo "As ruas e as urnas", de autoria de José Dirceu, ex-deputado (PT-SP) e ex-ministro do governo Lula. Dirceu obteve perdão de sua pena no mensalão, mas foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha em razão da Lava Jato. Em maio, o Supremo Tribunal Federal concedeu habeas corpus, após dois anos de cadeia.

No texto, Dirceu chama o governo Temer de golpista e usurpador, prega uma revolução política, econômica e social e pede eleições diretas já. Diz que não há espaço para conciliação e que "é necessário, para o bem-estar social do país, dar fim à armadilha de uma falsa harmonia nacional e um ludibrioso salvacionismo contra a corrupção". Não se refere à sua própria condenação nem às várias acusações de corrupção a que responde.

O artigo provocou a revolta de leitores: "Por mais que admire a liberdade de expressão da Folha, acho um desserviço publicar artigo de um cidadão como Zé Dirceu, envolvido em crimes na Lava Jato e condenado a 32 anos de reclusão"; "Meu sentimento é de revolta. Abrir espaço para José Dirceu é afrontar a inteligência das pessoas"; "Surreal e revoltante abrir a Folha e se deparar com artigo de um condenado, chefe de quadrilha, tecendo comentários sobre a "coalização golpista".

Reações desse tipo ocorrem com alguma frequência. Leitores contestaram artigos recentes do ex-deputado Eduardo Cunha, também condenado, e do presidente Michel Temer, acusado na Lava Jato.

Mas o grau de ferocidade contra o artigo de Dirceu parece só encontrar paralelo quando, em janeiro de 2000, a Folha publicou artigo de Fernando Collor de Mello. O ex-presidente ficara por oito anos afastado da política por ter tido seus direitos políticos cassados e, naquele momento, apresentava-se como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

Na ocasião, a Folha justificou a publicação relembrando seu "compromisso inarredável com o pluralismo". No caso de Dirceu, o jornal não publicou explicações, apesar da cobrança de leitores. Como representante deles, questionei a Secretaria de Redação. A resposta manteve o espírito da que foi dada há 17 anos: "A publicação insere-se no compromisso do jornal com o contraditório, o pluralismo e a liberdade de expressão", afirmou Vinícius Mota, secretário de Redação.

Como provocação ou ironia, leitores perguntaram se o jornal daria espaço a condenados como Marcola (líder do PCC), Fernandinho Beira-Mar (traficante), Suzane von Richthofen (assassinato dos pais).

Mota respondeu: "Seria uma boa discussão, a ser feita caso a caso, mas a tendência seria a de publicar, desde que não houvesse incitação ao crime ou ofensas à honra de terceiros". Minha posição é a mesma.

Discordo de quem não reconhece o direito de um condenado pela Justiça a se expressar. O crime cometido, pelo qual foi punido, não inclui a pena de silêncio. A reiterada defesa do pluralismo está na base do Projeto Folha e do sucesso do jornal. Pode provocar queixas de leitores, mas assegura diversidade jornalística, política e cultural.

Ressalvo, no entanto, que a pluralidade não desobriga o jornal do seu papel de editor, essencial na era da multi-informação. Um artigo eivado de erros, distorções, propagandas e proselitismo deve receber contrapontos críticos imediatos. Se não o fizer, o jornal abrirá mão de seu papel de curador jornalístico.

Cabe repetir frase de uma amiga de Voltaire, às vezes atribuída erroneamente ao escritor francês do século 18: "Detesto o que escreve, mas daria minha vida para tornar possível que você continuasse a escrever".


paula cesarino costa
ombudsman

Está na Folha desde 1987. Foi Secretária de Redação e editora de Política, Negócios e Especiais. Chefiou a Sucursal do Rio até janeiro de 2016. Escreve aos domingos

sexta-feira, 24 de março de 2017

A AMANTE



Alguns anos depois que nasci, meu pai conheceu uma estranha, recém-chegada à nossa pequena cidade.

Desde o princípio, meu pai ficou fascinado com esta encantadora personagem e, em seguida, convidou-a a viver com nossa família.
A estranha aceitou e, desde então, tem estado conosco.
Enquanto eu crescia, nunca perguntei sobre seu lugar em minha família; na minha mente jovem já tinha um lugar muito especial.

Meus pais eram instrutores complementares... minha mãe me ensinou o que era bom e o que era mau e meu pai me ensinou a obedecer.
Mas a estranha era nossa narradora.

Mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras, mistérios e comédias.
Ela sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber de política, história ou ciência. Conhecia tudo do passado, do presente e até podia predizer o futuro!

Levou minha família ao primeiro jogo de futebol.

Fazia-me rir, e me fazia chorar.

A estranha nunca parava de falar, mas o meu pai não se importava.
Às vezes, minha mãe se levantava cedo e calada, enquanto o resto de nós ficava escutando o que tinha que dizer, mas só ela ia à cozinha para ter paz e tranqüilidade. (agora me pergunto se ela teria rezado alguma vez para que a estranha fosse embora).

Meu pai dirigia nosso lar com certas convicções morais, mas a estranha nunca se sentia obrigada a honrá-las.

As blasfêmias, os palavrões, por exemplo, não eram permitidos em nossa casa... nem por parte nossa, nem de nossos amigos ou de qualquer um que nos visitasse.

Entretanto, nossa visitante de longo prazo usava sem problemas sua linguagem inapropriada que às vezes queimava meus ouvidos e que fazia meu pai se retorcer e minha mãe se ruborizar.

Meu pai nunca nos deu permissão para tomar álcool. Mas a estranha nos animou a tentá-lo e a fazê-lo regularmente.

Fez com que o cigarro parecesse fresco e inofensivo, e que os charutos e os cachimbos fossem distinguidos.

Falava livremente (talvez demasiado) sobre sexo. Seus comentários eram às vezes evidentes, outras sugestivos, e geralmente vergonhosos.
Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciados fortemente durante minha adolescência pela estranha.

Repetidas vezes a criticaram, mas ela nunca fez caso aos valores de meus pais, mesmo assim, permaneceu em nosso lar.

Passaram-se mais de 50 anos desde que a estranha veio para nossa família. Desde então mudou muito; já não é tão fascinante como era no princípio.
Não obstante, se hoje você pudesse entrar na guarida de meus pais, ainda a encontraria sentada em seu canto, esperando que alguém quisesse escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre a fazer-lhe companhia...

Seu nome? Ah. seu nome...

Chamamos de TELEVISÃO!

É isso mesmo; a intrusa se chama TELEVISÃO!

Agora ela tem um marido que se chama Computador, um filho que se chama Celular e um neto de nome Tablet.

A estranha agora tem uma família. E a nossa será que ainda existe!?

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Soft Revolucionario...

Confira as revolucionárias vantagens do L.I.V.R.O. – Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas

A matéria abaixo é um texto que circulou na Internet no final de fevereiro de 1998 e foi publicado na Revista do Clube Militar de setembro de 1998.
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O L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada e nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo! Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informações. As páginas são mantidas unidas por sistema chamado lombada, que as mantêm em sua seqüência correta. A TPA – Tecnologia de Papel Opaco – permite que os fabricantes as duas faces de cada folha de papel, duplicando a quantidade de informações e cortando pela metade os seus custos.

Especialistas dividem-se quanto aos novos projetos para aumentar a densidade de informações de suas folhas. É que, para se fazer L.I.V.R.O.S. com mais informações, basta usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de carregar, atraindo críticas dos adeptos dos computadores portáteis.

Cada página do L.I.V.R.O. é escaneada opticalmente, e as informações são registradas diretamente em seu cérebro. Um simples movimento dos dedos leva à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser retomado a qualquer hora, bastando abri-lo. Ele nunca “dá pau” e nem precisa ser reiniciado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo. O comando “browse” permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder quando você quiser. Muitos vêm com um índice, que indica a localização exata de qualquer informação selecionada.

O marca-páginas, um acessório opcional permite que você abra o L.I.V.R.O. no local exato em que o deixou na última sessão - mesmo que ele esteja fechado. O design dos marcadores de página é universal, permitindo que funcionem em qualquer tipo de L.I.V.R.O., não importando a marca. Além disso, um mesmo L.I.V.R.O. pode receber vários marcadores de páginas, caso seu usuário queira selecionar vários trechos ao mesmo tempo.

O número de marcadores é limitado apenas pelo número de páginas. Você também pode fazer anotações ao lado de trechos do L.I.V.R.O. cm outro instrumento de programação especial, o L.Á.P.I.S. – Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo aclamado como a onda de entretenimento do futuro.

Milhares de criadores já aderiram à nova plataforma e espera-se para breve uma inundação de novos títulos.

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Gostaria de ter escrito...

Desconheço o autor deste texto:

Eu nunca trocaria os meus amigos surpreendentes, a minha vida maravilhosa, por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa.

Enquanto fui envelhecendo tornei-me mais amável para mim e menos crítico de mim mesmo. Tornei-me o meu próprio amigo. Eu não me censuro por comer um cozido à portuguesa ou alguns biscoitos extras, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo supérfluo que não precisava.

Eu tenho direito de ser desarrumado, extravagante e livre.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.

Quem vai me censurar se eu resolver ficar lendo ou jogando no computador até as 4 horas da manhã e depois dormir até o meio-dia?

Eu dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70, e se eu, ao mesmo tempo, desejar chorar por um amor perdido. Eu vou.

Vou andar na praia com um calção excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros, no Jet-sky. Eles também vão envelhecer...

Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril, e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

Eu sou abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre, em sulcos profundos, no meu rosto. Muitos nunca riram e muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.

Conforme Você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado. Eu gosto de ser idoso.

A idade me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estiver aqui, não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido e não foi, ou me preocupar com o que será. E vou comer sobremesa todos os dias.